Hormonização trans: mitos e verdades

Mais sobre hormonização e seus mitos

Hormonização trans: mitos e verdades

Não há diferença entre usar hormônios para fins estéticos ou para afirmação de gênero
MITO. O número de pessoas que utilizam hormônios para fins puramente estéticos cresce a cada dia. Dessas pessoas, uma importante parcela o faz sem acompanhamento médico. Devemos lembrar que toda vez que prescrevemos qualquer medicamento avaliamos risco e benefício da prescrição.
Quando olhamos para estudos científicos realizados com populações trans, na ausência de contraindicações e com acompanhamento, os benefícios podem sim superar os riscos. Por outro lado, já há estudos indicando aumento de risco cardiovascular em quem utiliza hormônios para fins estéticos, dentre outros riscos — sem qualquer benefício em termos de saúde. Então, não, não é a mesma coisa. Um profissional habilitado saberá indicar de forma correta e segura o uso destes medicamentos.

Tenho obrigação de realizar hormonização no processo de afirmação de gênero
MITO. Cada indivíduo passa por processos diferentes em seu caminho de afirmação de gênero. Há graus distintos de disforia de gênero, e o profissional de saúde deve levar em conta a história pessoal, os desejos individuais, as crenças e os valores de cada pessoa.
Devemos lembrar que não é a hormonização que “transsexualiza” alguém. O tratamento hormonal não deve nunca ser uma imposição social, cultural ou médica, mas sim uma escolha compartilhada, individualizada e que minimize riscos para aquela pessoa.

Não é possível tratar obesidade e realizar hormonização ao mesmo tempo
MITO. É possível tratar as duas demandas em conjunto. Inclusive, esse processo pode ser uma excelente oportunidade para promover mudanças de hábitos e reduzir riscos cardiovasculares, que preocupam não apenas a população trans, mas toda a população mundial — já que as doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de mortalidade no mundo.
Vale ressaltar que a população LGBTQIAPN+ apresenta maior prevalência de tabagismo e piores índices de saúde mental, enquanto mulheres lésbicas têm maior frequência de sobrepeso e obesidade. Tudo isso deve ser considerado. O profissional de saúde não pode simplesmente ignorar essas questões, mas sim oferecer um cuidado sério, empático e integral.


Considerações finais

A hormonização, quando indicada e conduzida de forma responsável, pode ser um passo fundamental para a saúde e o bem-estar de pessoas trans. É necessário combater mitos, garantir acesso a informação de qualidade e promover um atendimento que una ciência, empatia e respeito. Cuidar da saúde integral significa olhar para cada pessoa em sua totalidade, valorizando sua singularidade.


Bibliografia e referências

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